Número de empresas com risco de calote mais que dobrou em cinco meses no Brasil

Em dezembro de 2022 eram quatro empresas, hoje são dez, segundo agência de classificação de risco Fitch Ratings

De dezembro de 2022 até este mês de maio, mais do que dobrou o número de empresas brasileiras de capital aberto que foram rebaixadas para o nível de risco de calote pela agência de classificação de risco Fitch Ratings.
Segundo dados obtidos pela reportagem, em cinco meses, subiu de quatro para dez o número de companhias que tiveram seu IDP (Rating de Inadimplência do Emissor, na sigla em inglês) rebaixado para um nível que representa algum risco de crédito.

Pelas notas da Fitch, a partir de "CCC", a companhia já possui um risco substancial de crédito, ou seja, com possibilidade real de calote e margem baixa de segurança. Abaixo de "CCC" vem "CC", seguido por "C", "RD" e "D".

A agência não detalhou o motivo do aumento abrupto de empresas brasileiras em risco de calote, nem revelou as companhias que foram rebaixadas. Mas sabe-se que a Americanas faz parte dessa estatística.
Dois dias após a crise que se instalou na varejista pela denúncia de manobra contábil que totalizou um rombo de R$ 20 bilhões na companhia, a Fitch rebaixou a nota da Americanas de "BB", ou seja, com elevada vulnerabilidade para calote, para "CC", em que a inadimplência "de alguma forma parece provável".

Depois, a Fitch rebaixou novamente a Americanas para "C" e, por fim, para "D", o que significa que a empresa de fato está inadimplente, após a varejista entrar com pedido de recuperação judicial.

A Light também teve sua nota rebaixada para a zona de risco de calote em fevereiro, quando a empresa anunciou que havia contratado a Laplace Finanças com o objetivo de melhorar sua estrutura de capital e o mercado de crédito mais restritivo devido à inadimplência da Americanas.

Segundo a Fitch, a confluência desses eventos mostrou uma redução substancial da capacidade do grupo de levantar financiamento para amortizar sua dívida. Após sucessivos rebaixamentos de nota, a agência classificou a Light como "D", seguindo a aprovação do pedido de recuperação judicial da companhia.

Vale ressaltar que em dezembro de 2022 não havia nenhuma empresa brasileira com classificação "D" pela Fitch. Agora são três empresas nessa situação. (STÉFANIE RIGAMONTI/FOLHAPRESS)

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